Seja Bem-vindo, 27 de abril de 2024

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Ciência e Religião

13 de maio de 2023   .    Parapsicologia
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Artigo de Pe. Emanuel Cordeiro Costa com Certificado de Registro de Averbação na Fundação Biblioteca Nacional – EDA – Registro Nº 868.405 Livro: 1.692 Folha: 87. Data do registro 10/02/2023.

Introdução
Nesse artigo com esse tema: “Ciência e Religião”, que em princípio terá como público você internauta, pincipalmente que acessa o Site Emana & Parapsicologia e também a página do faceboock de Emanuel Cordeiro Costa – parapsicólogo, entenderá que essa temática é trabalhada aqui dentro do estudo da parapsicologia, principalmente, neste caso mais especifico e direto, relacionado com a abordagem da escola de parapsicologia ligada ao Pe. Quevedo (falecido). Já que as outras escolas de parapsicologia, no Brasil, normalmente não abordam dessa forma esse tema. Assim o internauta compreenderá é claro bem o tema e porque ele está situado dentro da classificação dos Fenômenos Supranormais.

1. Ciência como oposição a religião
No passado, especialmente no meio acadêmico dado a uma série de acontecimentos criou-se uma visão acadêmica mais voltada para o ateísmo como se a religião fosse um empecilho para o desenvolvimento das ciências. De uns anos para cá vê-se essa volta dentro do próprio meio acadêmico da busca ora clara e ora não tão clara, mas de uma certa espiritualidade. Mesmo assim prevalece ainda uma certa resistência a religião.

Isto quem sabe por causa da história que nos mostra o conflito entre Igreja e a Ciência Moderna nascente naquele momento. Nicolau Copérnico, Giordano Bruno e Galileu Galilei com suas teorias e experimentos em conflito com a Igreja. Daí surge certo anacronismo histórico de muitos parecendo chique no meio acadêmico opor ciência a religião.

Hoje a Igreja aceita as descobertas desses cientistas onde mostraram que O Sol e não a terra, é o centro do nosso Sistema Solar.

2. Iluminismo
Não esqueçamos que o Iluminismo que foi um movimento cultural dos séculos XVII e XVIII que buscava gerar uma series de mudanças na época, disseminava o conhecimento, como forma de enaltecer a razão em detrimento do pensamento religioso. Esse movimento e outras expressões culturais da época trouxeram grandes contribuições para a sociedade sim, porém seus preconceitos também inclusive com a religião.

3. Surgimento das ciências moderna e o mito da neutralidade cientifica
Com o surgimento das ciências, como conhecemos hoje, vem desde a época moderna passando pela contemporânea, onde se articula o método de observação e experimentação usando instrumentos técnicos, que teve o início de seu desenvolvimento na Europa do século XVI, criou-se também um mito encima da ciência. É claro que hoje não tem como vivermos sem o conhecimento cientifico. O simples fato de termos uma internet, um celular que nos traz muitos benefícios, estes são graças as ciências. Não tem como dispensa-la e viver sem ela hoje. Porém criar um mito em torno dela como tendo explicação exata para tudo, como algo que se pauta dentro da ética, como algo que levam a todos a felicidade e sem erros é pura mentira. O grande filosofo Hilton Japiassu (falecido), como filosofo que estudou muito o Pensamento Epistemológico, mostra o grande mérito da ciência, mas também limites e falhas. Um de seus livros é intitulado: “O Mito da Neutralidade Cientifica”. O cientista é homem que vive numa época, num contexto histórico, econômico, social e político bem concreto. E isto reflete em toda a sua vida. Um conhecimento cientifico puro, neutro, isento de ideologias e outras influencias não existe. É claro que a ciência tende a objetividade, mas esta não é totalmente pura tendo certos limites, pois quem utiliza seus métodos: o homem, possui subjetividade e isto reflete quando analisa “objetivamente um objeto”.

4. Deixando o mito e reconhecendo o valor da ciência
Assim como existe o culto religioso a um ser supremo: Deus. E isto é profundamente compreensível. O culto a algo humano mesmo sendo ciência, torna-se mito, um ídolo. É claro que perceber essa condição de não haver neutralidade cientifica, não deve significar também fechamento as ciências. Isto acaba sendo ignorância, não querer enxergar a verdade através da contribuição cientifica. Como exemplo mais recente a descoberta da vacina para imunização da covid-19. Vimos e vemos pessoas não querer toma-la desconhecendo seu valor à saúde. E negar que a convid-19 era e é uma ameaça à saúde desconsiderando os conhecimentos científicos que recomenda cuidados tendo uma atitude negacionista desses conhecimentos é um absurdo.

5. A bíblia não é livro de ciência
A Bíblia por exemplo é um livro de fé, que fala da revelação, da experiência de Deus que o povo vivenciou. E tantos outros pontos que fortalece a fé. Mas não é livro de ciência. Alguns querem erroneamente usa-la como livro cientifico, quando se trata a alguns temas. Como por exemplo a criação. A revelação bíblica mostra que Deus é Criador. Esta é uma grande verdade de fé. Porém, não podemos cientificamente tomar o livro do gêneses que tem uma literatura própria, um contexto próprio onde e quando foi escrito, uma intensão do autor, e tantos outros detalhes em jogo, achar que foi a criação exatamente da forma como está ali ao pé da letra quando se fala de Adão e Eva. A ciência dá outra explicação para o surgimento dos planetas e do homem, em nada entra em conflito com a fé quando entendemos que Deus não deixa de ser criador por causa disso. Aceitar a explicação cientifica neste caso não nega de princípio a bíblia que não tem uma proposta cientifica, mas de fé. Querer rivalizar com a ciência encima de passagens bíblicas isoladas e fora do contexto, acaba sendo ignorância. É bom saber, especialmente hoje, que a Igreja não receia o uso de métodos científicos para a interpretação da Bíblia.

6. “Fé cientifica”
Desconhecer o mito da neutralidade cientifica acontece em muitos ambientes, inclusive no acadêmico. É claro não da parte de todos. Algumas pessoas ligadas ao meio acadêmico, e algumas instituições educativas, que querem usar a ciência como algo para chegar até Deus e não ficar no ateísmo clássico do meio universitário, falam de ter fé, mas uma “fé cientifica”. (falam também em “Oração cientifica”). Que fé cientifica é esta? Aqui cabe muitos questionamentos. Inclusive em algumas escolas de parapsicologia, se ouve esse discurso também de alguns mestres sobre “fé cientifica”. Primeiro falam, mas não explicam. Este já é o primeiro questionamento. O cientificismo, tributário do positivismo e iluminismo reflete no meio também da parapsicologia e ambiente acadêmico. Se se chega a Deus somente por meio da razão para mim é uma aberração. (Isto podemos dizer cheira “cientificismo”) Dado que a milhares de anos o ser humano na sua grande maioria, através da religião principalmente tem chegado a Deus pelo coração. Pela espiritualidade. Chegar a Deus único e exclusivamente pela razão isto se daria só uma minoria que teria esse privilégio. “Coitada” da esmagadora maioria que expressa a sua fé e não tem conhecimentos filosóficos, teológicos e científicos estariam longe de Deus. Ele seria só para um pequeno grupo de privilegiado. E pelo contrário a revelação bíblica mostra muito mais um Deus de encontro com os pobres e marginalizados que clamam por justiça social.

7. Instituto Pe. Quevedo de Parapsicologia
No livro “Mistérios do Aquém e do Além à luz da parapsicologia” de Pe. Raimundo Elias Filho, ele faz de uma forma bem-feita um resumo do que Pe. Quevedo (falecido) e toda a Escola de Parapsicologia ligada a ele do Instituto Pe. Quevedo de Parapsicologia em relação ao tema “Ciências e Religião”. Então neste subtema passo a mostrar e comentar, não só o que ele pensa, mas toda a escola sobre esse tema.

Registra Pe. Raimundo o pensamento dele e da Escola de Parapsicologia do Instituto Pe. Quevedo:

“A Parapsicologia, como ciência, estudou cuidadosamente os milagres, os espíritos e uma série de coisas que nunca foram preocupação da ciência tradicional, uma vez que esta foi sempre marcada pelo materialismo” (FILHO, p. 69).

Mesmo não querendo me alongar neste artigo, acaba sendo necessário expor um pouco mais o pensamento do instituto Pe. Quevedo de parapsicologia, que segue por sua vez a escola de parapsicologia chamada “Teórica” que é europeia e que tratam desses assuntos ligados a milagres e espíritos. Já outras escolas não. Daí já surge o questionamento qual “parapsicologia” estuda estes temas? Pe. Raimundo também diz: “o estudo desses fenômenos todos, em muitos e muitos aspectos, está necessariamente ligado à Igreja e a questões eminentemente religiosas”. (FILHO, p. 69).

Para o pensamento da escola de Quevedo: “é necessário corrigir o mais rápido possível um erro difundido em todas as partes, também no meio de pessoas cultas e esclarecidas”. (FILHO, p. 69). A escola de parapsicologia de Quevedo continua afirmando: “Há muita gente que crê que religião não é ciência. Separam radicalmente fé e ciência”. (FILHO, p. 70). É uma afirmativa que tem seus fundamentos, porém cabe vários questionamentos a mesma. Apenas faço a observação sem apresentar os questionamentos, para não alongar o artigo, evitando de ficar cansativo para a leitura.

Pe. Raimundo fala que devemos ter uma fé também racional. Argumenta que os outros campos da cultura não podem ser irracionais, assim também a fala da transcendência que nos liga a Deus não pode ser irracionalizada.

Fala que em nosso proceder, profissão e em nossa vida devemos ser científicos e também na religião. “Ser católico por herança ou só por tradição é um mal generalizado hoje em dia. Há muitos católicos absolutamente irracionais; cultos nas coisas deste mundo, anticientíficos e analfabetos nas coisas transcendentais”. (FILHO, p. 70).

Argumenta que é preciso

“provar cientificamente que a Revelação aconteceu, confirmada por milagres, que revelou isto e não aquilo. Isto pertence à ciência. A interpretação da Revelação é trabalho arqueológico, trabalho histórico, trabalho de hermenêutica, trabalho de comparação de textos, é trabalho cientifico”. (FILHO, p. 70).

Faz afirmativas polêmicas dizendo que a ciência tem de “separar do catolicismo a superstição, o espiritismo, o teosofismo, o ocultismo e outras tantas interpretações de fatos cientificamente equivocadas”. (FILHO, p. 70).

A argumentação que reflete o pensamento do Instituto Pe. Quevedo continua:

“Verdades como a espiritualidade da alma, não somente cremos pela Revelação, pela fé, mas também as podemos confirmar por argumentos científicos. A própria ciência compreendeu que o homem tem faculdades espirituais a ser trabalhadas, como por exemplo, a telepatia. Assim, a imortalidade da alma vem pela fé na Revelação, mas nós a podemos descobrir também por meio da ciência. Quanto mais argumentos científicos possuirmos, mais forte se tornará a nossa fé”. (FILHO, p. 70).

Prosseguindo com a argumentação: “a Religião precisa compreender e aceitar os fatos a partir deles, e que a ciência precisa verificar a religião e seus fundamentos. Daí a sintonia necessária entre ciência e religião”. (FILHO, p. 70). E chega à conclusão que a “religião e a ciência devem lutar em comum contra os dois extremos: a incredulidade e a superstição (credulidade cega e fanática)”. (FILHO, p. 70).

8. Sistema Grisa
Como já afirmei em outros artigos a pretensão de uma parapsicologia independente como fala o Sistema Grisa, devemos questionar em que sentido? Independente de duas correntes por ele chamada de “católica” e “espírita” em termos de parapsicologia? Mas o elemento religioso se faz presente nos discursos de Dr. Pedro Antônio Grisa (falecido) e seus escritos. (Dr. Pedro A. Grisa – Criador do Sistema Grisa).

Grisa publicou um áudio, ligado a crença. Publicou outros áudios para orientação dos clientes que fazem psicoterapia e para o público em geral. O áudio que me refiro se intitula “A vida no Reino Invisível”. Este assume uma dimensão religiosa. Uma parapsicologia totalmente cientifica sem passar uma mensagem religiosa ou ateia não acontece. Não há neutralidade cientifica neste aspecto religioso.

No livro o Poder da Fé e a Paranormalidade, Grisa faz uma crítica dizendo:

“Num extremo, fantásticos Pensadores Religiosos defendem o princípio de que a todos os acontecimentos da vida humana, do Planeta e do Universo são comandados, direta e pessoalmente por uma Divindade justiceira e onipotente, sempre disposta a beneficiar e privilegiar seus seguidores e a punir e condenar seus opositores”. (GRISA, p. 21).

Vai dizer que

“No extremo oposto, Cientistas Céticos – materialistas e ateus – buscam provar através de suas teses e teorias, a inexistência de um Deus Criador e Revelador das Doutrinas Religiosas, responsabilizando as Crenças e as Religiões pelo atraso cientifico e cultural do povo e pela ignorância das massas populares”. (GRISA, p. 21).

Ao falar em cientista céticos – materialista e ateus, já fica claro esta visão positivista da ciência como um estudo puramente neutro não existe. A maneira como conduz certas experiencias um cético e um que não é cético, nem materialista e ateu é diferente. Mesmo Grisa mostrando esse lado, a meu modo de ver tem momentos que fala de ciência, tanto ele como Quevedo como expressão de um conhecimento neutro.

Na primeira parte do livro Grisa fala das grandes descobertas e a seguir um dos tópicos é justamente “Ciência e Religião”. Afirma que:

“todas as Ciências tem como objetivo fundamental descobrir as Leis que regem o funcionamento de todos os elementos que integram o Universo – da pedra ao Ser Humano, do átomo às galáxias. Por isso, pode-se afirmar que toda Descoberta Cientifica é sempre a descoberta de uma Lei da Natureza”. (GRISA, p. 21).

Observa Grisa que: “partindo-se do princípio de que Deus é o Criador da Natureza, toda descoberta Cientifica é sempre a descoberta de uma Lei Divina”. (GRISA, p. 21). Esta conclusão do Grisa vem de encontro especialmente ao Cristianismo, Deus como criador.

Não alongando muito sobre o Grisa que fala no tocante a este assunto, gostaria ainda de apresentar três pontos sobre “Ciência e Religião”:

– “Se existe, como ensinam as Religiões, um Deus único, Criador de todas as coisas e Revelador de todas as coisas e Revelador das Verdades Religiosas, Ele não pode contradizer-se, manifestando-se de uma forma quando cria as Leis da Natureza e, de outra, quando revela os princípios e mandamentos das Religiões.
– Uma Descoberta Cientifica, que é sempre a Descoberta de uma Lei Divina, jamais poderá se opor a uma Verdade Religiosa, também Lei Divina, anunciada por Deus através de seus mensageiros.
– Se uma Descoberta Cientifica for efetivamente contraria a uma Verdade Religiosa, só cabem duas alternativas: ou não é Descoberta Cientifica, e sim conclusão precipitada de pseudocientista; ou não é Verdade Religiosa, mas entusiasta opinião de suposto Mensageiro Divino”. (GRISA, p. 22).

9. Valter da Rosa Borges
No tocante não exatamente o tema “Ciência e Religião”, mas com temas semelhantes, como por exemplo “A Parapsicologia como Ciência”, Valter da Rosa Borges, aborda também esta questão, no livro: “Manual de Parapsicologia”. Em outro livro, acaba abordando não diretamente, mas indiretamente falando desta relação “Ciência e Religião”. O livro é: “A Mente Mágica”. Nele fala do assunto com os temas: “A Pesquisa em Parapsicologia”, “Os Fenômenos Paranormais”; “Parapsicologia”; “Parapsicologia: uma avaliação crítica fenomenológica”; “A questão da metodologia na parapsicologia”; e em várias partes do livro.

No “Manual de Parapsicologia”, diz que

“A Parapsicologia é a ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais.

Fenômenos paranormais são eventos incomuns de natureza psíquica, biológica e física atribuíveis a uma aptidão especial do ser humano, denominada de paranormalidade. (BORGES, p. 11)

Vai dizer também que a Parapsicologia é Ciência humana e da natureza. Não entrando neste primeiro momento na relação com a religião, destaco três pontos sobre a parapsicologia:

– “A Parapsicologia é, ao mesmo tempo, uma ciência humana e da natureza, investigando as manifestações incomuns do psiquismo humano nas suas relações com os seres vivos e a matéria em geral. E é uma ciência de extensa multidisciplinaridade, pois estabelece fronteiras de relações fenomenológicas com as mais diversas ciências”. (BORGES, p. 11)
– Valter da Rosa Borges analisa a confusão terminologia ocasionado pelo vocábulo parapsicologia, principalmente onde alguns veem como se fosse absorvida pela psicologia, então Ele alega preferir usar outro termo que acha mais adequado para abranger a fenomenologia paranormal na sua totalidade, que é psicobiofísica. E segundo ele a “Parapsicologia e a Psicotrônica seriam disciplinas especializadas da Psicobiofísica”. (BORGES, p. 12).
– Diz no livro “A Mente Mágica”: “Qualquer fenômeno que, à primeira vista, pareça transcender as capacidades possíveis do ser humano, já não pertence ao campo da parapsicologia, situando-se, por conseguinte, no território da fé, no domínio cognitivo da Religião”. (BORGES, p. 191).

10. Escolas de Parapsicologia
Sobre este tema “Escolas de Parapsicologia” já publiquei artigos no Site Emana & Parapsicologia, que seria bom o leitor conferir. O artigo: “Correntes (Escolas) de Parapsicologia” no Brasil. É um artigo longo, mas onde faço uma análise dessas três correntes, tomando a classificação de Dr. Pedro Antônio Grisa que fez essa classificação de Escolas de Parapsicologia no Brasil dividindo em três: “Católicas”, “Espíritas” e “Cientificas e Independentes”.

Tenho outro artigo que se intitula: Escolas de Parapsicologia fora do Brasil (Site Emana & Parapsicologia). No qual Dr. Pedro Antônio Grisa não aborda.

Toda classificação como são apresentadas tem seus limites, tem escolas de parapsicologia em que suas propostas não vão de encontro claramente a essas classificações. No entanto vou ao que me interessa nesse artigo que é “Ciência e Religião”. Essas correntes todas pelo que já li e vi delas, tem um discurso que a Parapsicologia é Ciência. E isto não é mentira. Pois é Ciência. Isto eu explico claramente num artigo que publiquei também no Site Emana & Parapsicologia: Parapsicologia é Ciência na Visão de Três correntes de Parapsicologia. Neste artigo expliquei que Joseph Rhine (o pai da parapsicologia cientifica) vem consagrar seus estudos com o nome de Parapsicologia no Congresso Internacional de Parapsicologia realizado em Utrech, Holanda, em 1953. A Parapsicologia foi reconhecida oficialmente como ciência.

Mesmo sendo ciência, cada escola, sem se dar conta disso consciente ou inconscientemente manifesta em seus estudos chamados científicos sua tendência e convicção religiosa. Ou sua postura mais cética e ateia em alguns poucos casos. O que confirma o que venho afirmando que a neutralidade cientifica não existe. Mesmo Grisa que fala de parapsicologia cientifica e independente. Ao abordar a relação Ciência e Religião, ao falar de Deus Criador nas religiões reveladas com seus mensageiros e profetas, tende a um discurso chamado cientifico, porém, expressa a convicção cristã e judaica de Deus. Depois Dr. Antônio Grisa fala de um “reino invisível”. Esta expressão acaba representando uma crença, não exatamente cristã. Mas não deixa de ser uma crença. O Reino dos Cristão não se chama “invisível”, chama-se “Reino de Deus” e em sua plenitude se dá no que se chama “céu”. No livro “Paranormalidade um Potencial Mental”, Grisa classifica os fenômenos paranormais em três: Psi-Gama ou de Percepção Extra Sensorial – PES; Psi-Kapa ou de Psicocinesia e Psi-Theta. Sobre Psi-Theta diz: “Os fenômenos em que a pessoa parece vivenciar uma experiencia de contato com espíritos, almas ou seres de outras dimensões, especialmente espíritos desencarnados”. (GRISA, p. 107). Aqui ele destaca nesta classificação uma crença ligada ao espiritismo. Mesmo dizendo não a estudar. Como mostrarei em parágrafos a seguir.

E O Instituto Pe. Quevedo estuda os fenômenos que vão além da paranormalidade, não com essa classificação Psi-Theta. Descartando a reencarnação. Pe. Quevedo destaca o estudo da Ressurreição como Prova Cientifica. Quevedo não classifica os fenômenos como Grisa, mas como a corrente europeia teórica de parapsicologia os classifica de Supranatural ou Sobrenatural (e não Psi-Theta), descartando de vez as questões espiritas e estudando temas como a Ressurreição.

Mesmo fazendo parte de sua classificação no livro: “Paranormalidade um potencial mental”, Grisa alega que não aborda essa questão: Psi-Theta, por duas razões:

“- por fundamentar-se muito mais em significativas e importantes crenças místicas, espiritualistas e religiosas do que em leis e em princípios científicos;
– por minimizar a importância da mente como agente efetivo desencadeador da fenomenologia paranormal”. (GRISA, p. 107).

Muitos questionamentos podemos aqui também fazer. Dr. Pedro Antônio Grisa não cita a Classificação de Pe. Quevedo que por sua vez vem da classificação da Escola de Parapsicologia Teórica da Europa. Esta não minimiza a meu modo de ver a mente como agente efetivo desencadeador dos fenômenos, quando fala de Fenômenos Supranatural ou Sobrenatural que seria a última classificação dos fenômenos feito pela Escola de Pe. Quevedo. Mostra que há fenômenos que extrapolam a uma explicação natural. Eu tenho também um artigo no Site Emana & Parapsicologia onde abordo essas classificações intitulada: Classificação dos Fenômenos Paranormais ou Parapsicológicos, dividida em cinco partes, e um artigo comentando as cinco partes. É bom o leitor conferir.

11. Ressurreição ou Reencarnação (Renold J. Blank)
O que entra em jogo nessas classificações da parapsicologia, mesmo nas escolas chamadas independentes de parapsicologia, talvez é ver que a mente humana tem seus limites e alcance e por isso a parapsicologia mesmo como ciência tem que levar isso em conta. É Claro que não vou falar aqui dos pontos doutrinários das religiões, mas dois pontos que acho ser o víeis principal do espiritismo e o ponto fundamental do cristianismo: Reencarnação e Ressurreição.

O teólogo Católico Renold J. Blank (falecido) dá a sua explicação quanto a este assunto. Primeiro faz uma pergunta básica: Teremos uma vida apenas? Ou teremos várias vidas consecutivas? É Claro que ele como teólogo católico acredita e defende a Ressurreição. Porém antes de falar claramente desse assunto, faz uma comparação das duas “crenças”.

“Nem a resposta espírita, nem a resposta cristã pode ser provadas de maneira cientifica. As duas são resposta de fé. Em nenhuma das duas se encontram, como base, fatos cientificamente provados. Pelo contrário, são convicções religiosas, crenças, atitudes de fé, que tem, como aliás qualquer fé, o seu fundo na confiança de que não iriam enganar aqueles nos quais se fundamenta essa mesma fé”. (BLANK, p. 9).

O teólogo prossegue:

“Esse dado fundamental não muda, nem pelos inúmeros relatos que deveriam provar a realidade da Reencarnação, nem pela referência aos dogmas de um magistério infalível.

Uma análise sem preconceitos mostra que a maioria das assim chamadas provas de Reencarnação não resistem à crítica da analise cientifica.

E a Referência aos dogmas de antemão não convence, hoje em dia, a maioria dos integrantes das sociedades pós-industriais”. (BLANK, p. 9).

A explicação do teólogo é diferente das explicações das escolas de parapsicologia, mas amplia nossa reflexão. O teólogo afirma:

“Estamos perante o fato inegável e provado pela sociologia da religião de que ‘toda concepção religiosa produz, por sua vez, as experiências correspondentes a essa mesma concepção’. E, por causa disso, não adianta recorrer a provas assim chamadas cientificas. São provas que, conforme o caso, pretendem provar a verdade ou falsidade da doutrina da Reencarnação.

A toda prova se pode contrapor uma contraprova, e qualquer argumento racional pode ser contestado por outro argumento.

Ante tal situação, devemos, com toda sinceridade, aceitar um fato: a decisão pessoal a favor da reencarnação ou de uma Ressurreição única e definitiva continua sendo, no fundo, uma decisão de fé”. (BLANK, p. 9).

12 Ponto Deus no cérebro
O texto abaixo é um artigo do teólogo Leonardo Boff, que já nos mostrou várias vezes pelo que escreve, que Deus se conhece não tanto pela razão. Ele não dispensa a razão, mas esta não é suficiente para o conhecimento de Deus, que se dá pelo coração. Dispensar a razão não é bom porque caímos no fundamentalismo. Boff neste artigo diz sobre uma descoberta cientifica feita a partir de 1995. Leonardo Boff fala de bom grado, mas ressalta bem, não é uma fala de teólogos, mas de cientistas sobre Deus. A descoberta esses cientistas chamam de Ponto Deus no cérebro. Passo o texto de Leonardo Boff na integra para que você confira.

“Uma frente avançada das ciências, hoje, é constituída pelo estudo do cérebro e de suas múltiplas inteligências. Alcançaram-se resultados relevantes, também para a religião e a espiritualidade. Enfatizam-se três tipos de inteligência. A primeira é a inteligência intelectual, o famoso QI (Quociente de Inteligência), ao qual se deu tanta importância em todo o século XX. É a inteligência analítica pela qual elaboramos conceitos e fazemos ciência. Com ela organizamos o mundo e solucionamos problemas objetivos.

A segunda é a inteligência emocional, popularizada especialmente pelo psicólogo e neurocientista de Harvard David Goleman, com seu conhecido livro A Inteligência emocional (QE = Quociente Emocional). Empiricamente mostrou o que era convicção de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura de base do ser humano não é razão (logos) mas é emoção (páthos). Somos, primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão, e só em seguida, de razão. Quando combinamos QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e a outros.

A terceira é a inteligência espiritual. A prova empírica de sua existência deriva de pesquisas muito recentes, dos últimos 10 anos, feitas por neurólogos, neuropsicólogos, neuro linguistas e técnicos em magnetoencefalografia (que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro). Segundo esses cientistas, existe em nós, cientificamente verificável, um outro tipo de inteligência, pela qual não só captamos fatos, ideias e emoções, mas percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades significativas, e nos faz sentir inseridos no Todo. Ela nos torna sensíveis a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. É chamada de inteligência espiritual (QEs = Quociente espiritual), porque é próprio da espiritualidade captar totalidades e se orientar por visões transcendentais.

Sua base empírica reside na biologia dos neurônios. Verificou-se cientificamente que a experiência unificadora se origina de oscilações neurais a 40 herz, especialmente localizada nos lobos temporais. Desencadeia-se, então, uma experiência de exaltação e de intensa alegria como se estivéssemos diante de uma Presença viva.
Ou inversamente, sempre que se abordam temas religiosos, Deus ou valores que concernem o sentido profundo das coisas, não superficialmente, mas num envolvimento sincero, produz-se igual excitação de 40 herz.

Por essa razão, neurobiólogos como Persinger, Ramachandran e a física quântica Danah Zohar batizaram essa região dos lobos temporais de ‘o ponto Deus’.

Se assim for, podemos dizer em termos do processo evolucionário: o universo evoluiu, em bilhões de anos, até produzir no cérebro o instrumento que capacita o ser humano perceber a Presença de Deus, que sempre estava lá embora não percebível conscientemente. A existência desse ‘ponto Deus’ representa uma vantagem evolutiva de nossa espécie homo. Ela constitui uma referência de sentido para nossa vida. A espiritualidade pertence ao humano e não é monopólio das religiões. Antes, as religiões são uma das expressões desse ‘ponto Deus’”. (HUMANITATIS, Boff).

Confira a referência bibliográfica. Além do texto escrito, veja um vídeo curto de poucos minutos no You Tube do Leonardo Boff falando claramente esse mesmo assunto: Inteligência Emocional – Inteligência Espiritual.

Conclusão
Como o assunto é muito amplo e polemico, tentei disserta-lo neste artigo procurando ser o mais sintético possível e não consegui ficando extenso. Porém o texto está bem claro, muito bem feito. Fiz uma boa pesquisa do mesmo. Talvez não agrade a todos, pois se trata de um tema ainda bem polemico, mas com certeza ajudara aos leitores a ter uma visão não muito fechada e reduzida do assunto.

O que procuro mostrar é que realmente a Parapsicologia é Ciência, porém nem ela nem ciência alguma é neutra. Muitas vezes os que falam o tempo todo que ela é ciência deixa transparecer um discurso positivista da ciência como uma verdade absoluta em tudo sem levar em conta o cientista com os seus métodos que não são neutros na política, e muito menos em termos religiosos, defendo esta ou aquela crença, ou aqueles, num número menor que tende ao ceticismo e ateísmo e tentam mostrar que crer é como se fosse um empecilho para o conhecimento cientifico.

Pe. Emanuel Cordeiro Costa
Parapsicólogo Clinico
ABPSIG – Registro 409

Referências
FILHO, Pe. Raimundo Elias. Mistério do Aquém e do Além à Luz da Parapsicologia. 2ª edição, Editora Paulus, São Paulo – SP, 2003.
BORGES, Valter da Rosa. Manual de Parapsicologia. Cia. Editora de Pernambuco. 1992 data desta edição.
BORGES, Valter da Rosa. A Mente Mágica. Edição do Autor. 2015. Recife.
GRISA, Pedro A. O poder da fé & a Paranormalidade. 9ª ed., Florianópolis (SC): Parapsicologia e Potencial Psíquico, 2007b.
GRISA, Pedro A. Paranormalidade – um potencial mental. 7ª edição, Florianópolis: EDIPAPPI/LIPAPPI, 1990.
BLANK, Renold J. Reencarnação ou Ressurreição: uma decisão de fé. 7ª edição, 2005. Paulus. São Paulo – SP.
HUMANITATIS, Texto de Leonardo Boff. Ponto Deus no cérebro. Ativo em 10/05/22
www.humanitatis.com/blog/imprimir/127
BOFF, Leonardo – Inteligência Emocional – Inteligência Espiritual. Ativo em 22/05/22. Ponto Deus. https://www.youtube.com/watch?v=rz2Hy-ilsAU&t=38s