Leituras: Dn 12,1-3 / Sl 15/16 / Hb 10,11-14.18 / Mc 13,24-32
Entre os anos 66 e 70, a Palestina assistia à revolta dos judeus contra a dominação romana. A revolta fracassa no ano 70, quando Jerusalém é retomada pelos romanos e o templo é incendiado. O Evangelho de Marcos foi escrito nessa época, e a comunidade cristã recorda as palavras de Jesus sobre a destruição do templo. O que os cristãos, concretamente, deveriam fazer? Juntar-se na guerra contra os romanos?
A simbologia do sol, lua e estrelas em convulsão, remetendo ao profeta Isaías, fala do desaparecimento daquele mundo sem frutos e sem vida e do aparecimento do mundo novo onde Deus reina com seu Filho. São imagens apocalípticas, que revelam o plano de Deus como sabedoria e profecia. Não querem pôr medo, mas encorajar na fé, pois garantem que Deus vai intervir com poder no momento certo para redimir seus fiéis.
O Evangelho também relê os eventos do ano 70 à luz do capítulo 7 de Daniel. Aí os reinos que dominaram Israel são descritos como animais: leão, urso, leopardo e uma fera medonha. Jesus fala de um reino novo, humano, quando o Filho do Homem virá nas nuvens com poder e glória. A destruição do templo de Jerusalém pelos romanos é apenas mais uma ação dos impérios bestiais, que passarão. Mas o que importa é o Reino definitivo, do Humano, inaugurado e comandado por Jesus, o Filho do Homem.
A figueira ensina a não nos deixarmos enganar pelos reinos passageiros e a acreditar que os frutos virão no momento certo. Com firme esperança, sobretudo diante das frustrações, continuemos a ser mais humanos e a humanizar as relações, até que o Filho do Homem venha definitivamente com seu Reino.
Naquele tempo, vencer os romanos não necessariamente significava garantir frutos de vida para o povo. Os frutos de vida aparecem quando o poder se exerce como serviço, sobretudo em favor dos mais pobres. É assim que vem, afinal, o mundo novo do Reinado de Deus.
Fonte: Pe. Paulo Bazaglia, ssp. Folheto “O Domingo” – Ano LXXXIX – 14/11/21 – – Remessa XV – Nº 54 – Ano Litúrgico B. Pág. 4