Seja Bem-vindo, 24 de abril de 2024

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24 de abril de 2024

Nº 1 – “As aparências enganam” e “Quem vê cara não vê coração”

02 de março de 2020   .    Padre Emanuel Artigos
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Tanto “As aparências enganam”, como “quem vê cara não vê coração” são dois ditos com significados semelhantes, e muito ricos para refletirmos. Como normalmente acontece com os ditados, geralmente eles têm um tom universal, imutável e inquestionável em seus enunciados. Com esses dois ditos fica mais claro essas características.

Não podemos esquecer que vivemos numa sociedade que valoriza demais “as aparências”, onde as pessoas de todas as classes costumam valorizá-la demais. Por isso, por uma questão social dependendo do lugar que você vai, você acaba comportando de um jeito e em outro ambiente de outro. E você veste também de acordo com o ambiente que está. Indo ao trabalho você se veste de uma forma, indo a uma festa, de casamento, por exemplo você veste de outra maneira. Sem nos percebermos, mantemos uma certa aparência de acordo com o momento e com as circunstâncias. Nada de errado nisso num primeiro momento. Mas daí podem surgir certos comportamentos e atitudes gritantes, preconceituosos e discriminatórios.

No passado se via muito em anúncio de emprego de jornais dizendo: “precisa-se de moça de boa aparência para secretária”, até uma música no passado falava disso. Boa aparência sem explicar o que significava. Porém se deduzia boa aparência dentro dos padrões sociais em que vivemos. O que já significava um anuncio preconceituoso e discriminatório. A sociedade que dá muita importância a aparência, cria certos estereótipos na cabeça das pessoas, só de estar engravatado e de terno dá a impressão que a pessoa é séria e responsável. Se não se conhece uma pessoa e ela estiver fora dos padrões sociais muitas vezes são pré-julgadas e podem ser malvistas.

Independente das condições sociais, dos costumes, dos papéis sociais, das roupas, etc., é difícil conhecer bem uma pessoa, isto por uma série de fatores:

– Não quero usar aqui o termo dupla personalidade, mas tem pessoa que na rua com os amigos são amáveis e em casa não procedem da mesma maneira. Trazendo prejuízo no seu lar, agindo até de modo violento.
– Há momentos na vida de todos nós que somos amáveis e tranquilos em determinados situações, e não somos em outras. Não que com isso sejamos mau caráter. As circunstâncias muitas vezes nos obrigam a agir de modo diferente em cada situação.
– Cada um de nós tem a sua história, formação, cultura e muitas vezes procede de tal modo que para alguns não é bom, mas ela não age assim com intenção de querer prejudicar as outras, mas dado a sua formação.
– Há sim, aquelas pessoas que devido a algum problema demonstram uma excessiva preocupação com as aparências, e coloca um peso maior na mesma. E assim agem com todos. Muitas vezes querem mostrar o que não são. E o que é pior pode usar de um padrão de comportamento para enganar ou ludibriar as outras. Creio quando as pessoas dizem que “As aparências enganam”, estão referindo a este tipo, e principalmente depois de sentirem enganadas por elas.
– Quando nos aproximamos de alguém dado à função, cargo, fama, etc. que ela tem dentro da sociedade, nós também nos aproximamos dela com certo mito na cabeça, idealizando um pouco a pessoa a nossa frente, de repente somos surpreendidos quando ela não corresponde aos estereótipos que temos dela e então sentimos enganados dizendo “Quem vê cara, não vê coração” ou “As aparências enganam”. Aí somos surpreendidos por acharmos que a pessoa nunca iria fazer o que nunca imaginávamos que ela fizesse.
– Há sim os casos piores de pessoas, que agindo de má fé conosco, nos levam a chegarmos também a essa conclusão: “Quem vê cara, não vê coração” ou “As aparências enganam”

Outros ditados que veem de encontro a estes dois, são: “Nem tudo que reluz é ouro” e “O hábito não faz o monge.”

Que possamos olhar todas as pessoas como um ser humano e enquanto tal traz dentro de sim o bem e o mal. Levando em conta a humanidade de cada um, não criemos preconceitos e nem expectativas demais por causa de sua função, ou pelo que se houve falar dela, aprendamos a conhecê-la na convivência diária, sabendo que ao conhecer descobriremos muitas virtudes, fraquezas e os limites da pessoa, como também ela nos conhecerá da mesma forma. Claro, se a pessoa constantemente usa só do aspecto aparência como critério primeiro e gosta de prejudicar alguém, então temos a oportunidade de ajudá-la ou então saber como proceder diante dela.

Neste artigo me prendi um pouco à questão da aparência. Vendo alguns aspectos da mesma quando falamos. Mas ainda podemos perguntar frente aos enunciados populares que parecem em si encerrar a questão. Será que sempre somos enganados ao olhar as aparências? Será que sempre somos enganados ao ver a cara (rosto)? Será que o que vemos aparentemente não pode traduzir o que a pessoa é? O seu coração? O seu eu interior? Quando aprenderemos a ser cristão e mais humano com o nosso próximo e diante do mundo?

 

Artigo de: Pe. Emanuel Cordeiro Costa