Seja Bem-vindo, 25 de abril de 2024

Seja Bem-vindo
25 de abril de 2024

Nem sempre o sofrimento, a opressão, a exploração e discriminação levam a bondade.

28 de fevereiro de 2020   .    Padre Emanuel Artigos
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(Texto de Pe. Emanuel Cordeiro Costa com Certificado de Registro de Averbação na Fundação Biblioteca Nacional – EDA – Nº 544.728 – livro 1036 – folha 492).

Convido a você agora fazer uma leitura meditativa de Mt 18,23-35: 23

23 Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24 Quando começou o acerto, levaram a ele um que devia dez mil talentos. 25 Como o empregado não tinha com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26 O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu te pagarei tudo’. 27 Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado, e lhe perdoou a dívida. 28 Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. 29 O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. 30 Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31 Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. 32 O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: ‘Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. 33 E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?’ 34 O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35 É assim que fará com vocês o meu Pai que está no céu, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.

COMENTÁRIO:
Feita a leitura meditativa, podemos então ver que neste texto do evangelho, alguém devia muito, pediu e foi perdoado da dívida. Mas este não foi capaz de perdoar o irmão que lhe devia pouco.

Já no Primeiro Testamento (Antigo Testamento), o povo de Deus passou por inúmeras situações de opressão e escravidão, especialmente a escravidão no Egito, clamou a Deus e este o libertou. Nem sempre Israel depois tratou com respeito o estrangeiro.

Recorrendo a Paulo Freire falaríamos que a pedagogia do oprimido é a mesma do opressor que ele internalizou.

Muitos pobres que tem ascensão social na maioria dos casos não promovem a vida dos irmãos, no muito quando assim fazem, agem de maneira assistencialista não dando uma ajuda efetiva e promotora do pobre. Ou ajudam individualmente um ou outro mais por interesse.

Quantos negros, que por causa da escravidão, ainda sofrem na pele resquícios que vem através da discriminação e preconceito. Quando tem ascensão social são poucos os que lutam pela causa do negro através de movimentos de consciência negra. Quantos cantores, atores, jogadores de futebol são burgueses e vivem uma vida de luxo e não promovem em nada aqueles que são os pobres, os negros, de onde a maioria veio perdendo assim suas raízes.

Assim podemos enumerar muitos outros casos de pessoas, categoria, classes, raças, que recebem discriminação e maus tratos, uma vez que estes saíram desta condição mesmo sem sair como categoria, mas individualmente esquecem de olhar para aqueles que a exemplo deles estão ainda passando por situações de domínio e sem uma vida digna.

Se dermos conta de buscarmos uma sociedade onde impera os valores do reino de Deus, com certeza o nosso crescimento, a nossa ascensão se dará sem esquecer da causa da justiça, da solidariedade e da promoção de todos os nossos irmãos. Só assim não seremos como o empregado mau da parábola. Só assim faremos do sofrimento, da opressão, da exploração e discriminação um meio de nos conduzir a bondade.

 

Artigo de: Pe. Emanuel Cordeiro Costa