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Parábola do Aquário

05 de setembro de 2023   .   
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RELAÇÕES DE PODER
O nosso comportamento humano é sempre marcado pelo relacionamento de poder. Infelizmente esta relação nem sempre se dá no bom uso do poder, onde se leva em conta a pessoa do outro. Prevalecendo muitas vezes sim relações do poder dominação, onde o que vale é a lei do mais forte. A Parábola do Aquário nos conduz a refletir nossos relacionamentos humanos numa sociedade desigual, desumana, onde existe violência, impunidade, abuso de autoridade, poderes paralelos, atentados, sequestros, violência doméstica, violência contra a mulher e muitas vezes dos parceiros. Como na parábola sempre encontramos alguém se considerando peixe grande, tentando devorar os demais seja pela força física, constrangimentos, medo, etc. Por isso a leitura da parábola nos abri horizontes e deve nos levar a alguns questionamentos.

PARÁBOLA DO AQUÁRIO
Era uma vez um aquário; onde viviam peixes grandes, médios e pequenos. Ali imperava a lei do mais forte. Os alimentos atirados pelo criador eram disputados. Primeiro comiam os maiores. O que sobrava destes, era devorado pelos médios. E o que sobrava dos médios era disputado pelos pequenos. Na falta de outro alimento, os grandes devoravam os médios, estes por sua vez, devoravam os pequenos.

Ora, havia um peixinho muito pequenino, que morava no fundo do aquário, onde estava a salvo da fome e da gula dos demais. Ali naquelas profundezas poucas vezes caía algum alimento. Mas o peixinho, ao invés de maldizer a sorte, enganava a fome distraindo-se a contemplar os desenhos dos azulejos, as plantinhas, a areia branca e as pedrinhas brilhantes que enfrentavam o fundo do aquário.

Um belo dia, o peixinho descobriu um ralo, por onde saía a água do aquário. Admirado exclamou: – Ué! Então este aquário não é tudo? Existe outro lugar onde se pode viver?

Para onde irá essa água que não para de escorrer?

E o peixinho, curioso, tentou passar pelo ralo. Como os vãos fossem muitos estreitos, ele se dispôs a fazer sacrifício e emagrecer até poder passar para o outro lado.

E foi assim que, dias mais tarde, bem mais magro e ainda assim perdendo algumas escamas na travessia, ele conseguiu seu tento. E foi assim que ele conheceu, pela primeira vez na vida, o que era água corrente. Uma delícia! Uma maravilha! O peixinho ia pulando feliz pelo rego d’água deslumbrado com tudo isso. E o rego d’água levou o peixinho até uma enxurrada…

Na enxurrada, mais água ainda. E correnteza mais forte. Nem era preciso nadar. Bastava soltar o corpo! Maravilha! Quantos peixinhos! Quantos barquinhos de papel! E o sol??? Que coisa linda! E aqueles bobos, lá no aquário, pensando que aquilo fosse tudo, aquela água suja e parada. Coitados!!! E a enxurrada levou o peixinho a um riacho.

O peixinho nunca pudera imaginar tanta água junta. Nunca vira tantas crianças nadando. Nunca vira mulheres lavando roupa e cantando. Nunca vira tantas plantas, tantas flores, tanta beleza junta! E julgou que estivesse delirando. Quanta comida, quanta água, quanto lugar onde viver em paz, quanta felicidade para todos! Ah! Aqueles pobres diabos lá no aquário… Se vissem tudo isso!!! E o riacho levou o peixinho até o rio.

Não? Não é possível isto não existe! Olha quanta água! Parece não ter fim. Quanta comida! Quanto sol, quanta luz, quanta beleza! E foi assim, extasiado, maravilhado, deslumbrado, quase não acreditando em seus próprios olhos, que o peixinho, levado pelo grande rio, chegou, enfim, ao mar.

Ali, diante daquele infinito de águas, de alimentos, de luz, de cores, de plantas de um mundo de coisas maravilhosas, diante daquela majestade toda, o peixinho chorou. Chorou comovido, agradecido, porque a alegria era tanta que não cabia dentro de si. E chorou, sobretudo, de pena de seus companheiros que haviam ficado no aquário, naquelas águas poluídas, escuras, paradas, estragadas, espremidos, pensando viver no melhor dos mundos. E o peixinho, então, resolveu voltar e contar uma boa nova a todos. 

E o peixinho voltou. Do mar para o rio (com sacrifício, porque agora a viagem era contra a correnteza) ele nadou para o riacho, para a enxurrada e da enxurrada para o rego d’água e do rego d’água pra o fundo do aquário. E atravessou o ralo de volta…

Desse dia em diante, começou a circular pelo aquário um boato de que havia um peixinho contando coisas mirabolantes, falando de um lugar muito melhor para viver, um lugar de paz e amor, um lugar de fartura infinita, onde ninguém precisa fazer sacrifício, nem devorar uns aos outros. E todos acorreram ao fundo do aquário, para saber da novidade. Os grandes, os médios, os pequenos, todos queriam saber o que era preciso fazer para chegar a esse mundo maravilhoso…

E o peixinho, mostrando-lhes o ralo, explicou que, para chegar a este mundo, era preciso algum sacrifício, pois a passagem era realmente estreita. Segundo o tamanho, uns teriam de sacrificar-se mais, outros menos. E os peixes pequenos passariam a seguir o peixinho, enquanto os médios e os grandes consideravam-no maluco, um visionário. Onde já se viu? Impossível passar por aquele vãozinho tão estreito! Só louco mesmo!!

E a história do peixinho se alastrou. De tal maneira, modificou a vida do aquário e perturbou o sossego dos peixes grandes e médios, que estes acabaram por matar o peixinho para acabar com aquelas besteiras.

Mas o peixinho não morreu. Continuou vivendo, pois sua mensagem, imortal, passava de geração a geração…

Até hoje a história do peixinho é lembrada no aquário. Até hoje há os que creem. E até hoje há os que podem passar pelo ralo e os que jamais conseguiram fazê-lo porque quanto maior e mais poderoso, tanto maior será o sacrifício exigido, É por isso que está escrito:

“EM VERDADE, EM VERDADE VOS DIGO: É MAIS FÁCIL UM CAMELO PASSAR PELO FUNDO DE UMA AGULHA, DO QUE OS RICOS ENTRAREM NO REINO DE DEUS”.

COMENTÁRIO
Podemos dizer que a “PARÁBOLA DO AQUÁRIO” TEM ESSES OBJETIVOS

– “Desenvolver o senso crítico sobre a realidade, educar para a liberdade, formar líderes cristãos que se engajem na transformação dos seus meios específicos: escola, bairro, trabalho, família”.

– “Desenvolver o senso crítico sobre a realidade, educar para a liberdade, formar A partir da parábola como interpretá-la dentro de nossas relações sociais? Vendo a lei do mais forte: onde, quando e como ela acontece. Vendo a força e a disposição dos pequenos apesar das dificuldades de nadarem contra a correnteza. E devemos ver se realmente continua viva em nós a memória daqueles que tombaram na luta por um mundo mais justo e humano.

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