Amados irmãos e irmãs,
A Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos doa, para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida, das nossas paróquias, comunidades, movimentos e pastorais e ‘sair’ ao encontro dos outros para levar a luz da verdade e a alegria da fé. A lógica da Semana Santa é a lógica do amor e do dom de si mesmo, que exige deixar de lado as comodidades de uma fé cansada e rotineira, para levar Cristo aos irmãos.
A Semana Santa é uma grande história de amor, um amor que não conhece obstáculos e nos dá a certeza de que nunca seremos abandonados nas provações da vida. Fala de misericórdia e até onde o amor de Deus por seus filhos pode chegar. No seu mistério de amor Deus se oferece totalmente a nós.
A Páscoa de Jesus é um ato de amor total e extremo por nós… é para nossa salvação que Jesus fez sua Páscoa. Fez sua “Passagem” para que também nós façamos a nossa: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”, até o extremo. É verdade que traíram Jesus, humilharam-no, tiraram-lhe a vida… Mas, por outro lado, ele se entregou livremente, em obediência ao desígnio do Pai: “Eu dou minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la; este é o mandamento que recebi do meu Pai” (Jo 10,17s). E isto, por amor a nós, pois morrendo e ressuscitando, ele nos daria o seu Espírito Santo, no qual ele mesmo fora ressuscitado, de modo que a “passagem” de Jesus para o Pai nos abrisse o caminho e pudéssemos “passar” também para o Pai: “Vou preparar-vos um lugar, e quando eu tiver ido e preparado um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver, estejais vós também. Eu sou o Caminho!” (Jo 14, 2.6).
Esta Páscoa sagrada do Senhor e nossa, a Igreja celebra a cada Domingo e até a cada dia na Eucaristia e, de modo soleníssimo, uma vez ao ano, com o Tríduo Pascal e os subsequentes cinquenta dias, terminando com a solenidade de Pentecostes, celebração do dom do Espírito que o Ressuscitado fez e faz à sua Igreja. Na potência do Espírito, no qual ele mesmo foi ressuscitado pelo Pai, Jesus está e estará sempre conosco, de modo real e concreto, guiando e preservando a sua Igreja, até a consumação dos séculos.
Renovados pela Páscoa do Senhor temos a missão de torná-la acessível aos irmãos e irmãs que vivem numa realidade marcada pelo pecado e a morte, manifestando com o próprio testemunho a vivência do mandamento do amor, saindo de si ao encontro dos outros, buscando novos caminhos de cuidado e preservação da vida, promovendo a dignidade e permanecendo junto de quem a vida feriu, sentir compaixão e cuidar.
Irmãos e irmãs, ao celebrarmos a Páscoa do Senhor, alegremo-nos por participarmos de tão profundo e grandioso mistério a nós revelado. A grandeza de Deus está no fato de tornar-se pequeno, fazer-se servo, olhar em nossos olhos, se curvar diante da nossa fraqueza, da nossa pobreza e do nosso sofrimento; assumir nossa condição de pecadores para nos redimir. Como cristãos, nossa missão é anunciar Cristo Vivo e Ressuscitado onde quer que nos encontremos, naquilo que somos e fazemos.
A Ressurreição de Cristo é princípio de vida nova para toda a humanidade, porque a verdadeira renovação parte sempre do coração, da consciência. Mas a Páscoa é também o início do mundo novo, libertado da escravidão do pecado e da morte: o mundo finalmente aberto ao Reino de Deus, Reino de amor, paz e fraternidade.
Eis a nossa fé, nossa certeza, nossa esperança, nosso sonho… já começado no Dia da Páscoa! Pela Páscoa, e somente pela Páscoa, somos cristãos! A Ressurreição não é uma ilusão, não é uma quimera; é uma estupenda Realidade: “Eu sou a Ressurreição! Quem crê em mim, ainda que morra, viverá!” (Cf. Jo 11,25)
Frente ao crítico cenário social que nos cerca gerado pelo COVID-19, iremos celebrar a Semana Santa este ano, em caráter particular, seguindo as orientações sanitárias do Ministério da Saúde e, por esse motivo, como medidas cautelares e preventivas não será possível contar com a participação presencial do Povo de Deus, pois neste momento se faz necessário o distanciamento social como meio de preservação da vida, mas os convido a celebrarem pelas diversas mídias a nosso dispor e assim possamos acolher a Páscoa do Senhor como um convite de renovação em nossa vida cristã.
Como nos disse o Papa Francisco, que perante os inúmeros sofrimentos do nosso tempo que o Senhor da vida não nos encontre frios e indiferentes. Faça de nós construtores de pontes, não de muros. Que o Ressuscitado que escancarou as portas do sepulcro, abra os nossos corações às necessidades dos mais indefesos e sobretudo dos que buscam e esperam o reconhecimento da sua dignidade. Ao nos conceder a bênção Urbi et Orbi o Santo Padre nos disse que é abraçando a cruz de Cristo que abraçaremos a esperança.
Desejo a você e sua família uma feliz e abençoada Páscoa da graça santificante do Cristo Ressuscitado.
Dom Marco Aurélio Gubiotti
Bispo Diocesano de Itabira-Coronel Fabriciano
“Pela Graça de Deus” (1Cor 15,10)
Fonte- Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano