A filha perguntou ao pai:
– Papai, por que as coisas se tornam desarrumadas com tanta facilidade?
– O que está querendo dizer com “desarrumadas”, querida? – perguntou ele.
– Sabe como é, papai. Quando as coisas não são perfeitas. Olhe para a minha escrivaninha agora. Está cheia de coisas. Desarrumada. E ontem à noite me esforcei ao máximo para deixar tudo perfeito. Mas as coisas não permanecem perfeitas. Tornam-se desarrumadas com a maior facilidade!
O pai pediu à filha:
– Mostre-me como é quando as coisas ficam perfeitas.
Ela arrumou cada coisa nas posições determinadas, e depois disse:
– Aí está, papai, agora ficou perfeito. Mas não continuará assim.
– E se eu deslocar esta caixa de tinta para cá? O que acontece?
– Ora, papai, agora ficou desarrumado. Além do mais, teria de estar reta, e não torta, como você deixou.
– E se eu mudasse este lápis para o outro lado?
– Está desarrumado outra vez.
– E se deixasse este livro aberto?
– Também fica desarrumado!
O pai então explicou à filha:
– Querida, não é que as coisas fiquem desarrumadas com mais facilidade. Acontece apenas que você tem muitas maneiras para desarrumar as coisas, e só tem uma para deixar tudo perfeito.
(Esta história pertence ao livro Steps to an Ecology of Mind, de Gregory Bateson, trata-se da transcrição duma conversa que este tivera com a filha)