Iª Parte
Os Fenômenos Parafísicos vão de encontro aos fenômenos de Efeitos Físicos. Num artigo publicado pelo Pe. Oscar G. Quevedo S.J. com esse título: “Análise dos Fenômenos Parafísicos”, ele faz uma abordagem interessante sobre o tema. Porém o texto é um pouco longo, para não ficar cansativo para o leitor, tentarei resumir o máximo as principais ideias e exemplos.
Para entender bem esses fenômenos é bom se ligar a quatro pontos didaticamente importante para entende-lo: Sincronismo, vontade, características e ambiente.
1. Sincronismo
O paranormal de qualquer lugar, época, ou religião, observa nele o sincronismo de parte do seu corpo ou de todo o corpo quando emitem alguns fenômenos. Só que é típico do Pe. Quevedo crítica ao Espiritismo e os médiuns, que são os intermediários em suas crenças entre as entidades do outro mundo, ou espírito dos mortos, e o nosso mundo, direcionando Pe. Quevedo, suas críticas diretamente aos paranormais médiuns ligados ao espiritismo. Mas deixando de lado esse lado crítico, o conteúdo do estudo que empreende é interessante. Tentarei ficar mais preso ao conteúdo do estudo e não esse lado crítico, se é que é possível.
Ele faz considerações sobre dois médiuns: o médio Willy Schneider e a média Eusápia Palladino. É claro que os médiuns desenvolvem os fenômenos a partir de suas crenças e compete ao parapsicólogo quando for um fenômeno natural, desenvolvido pela mente humana assim demonstrar. Só que os médiuns, nas suas crenças querem fazer crer que é uma força do além o fenômeno desencadeado por meio deles.
1.1. “Willy Schneider foi um dos mais célebres realizadores de fenômenos de efeitos físicos, sob rigoroso controle de experimentadores conscienciosos. Willy estava convencido de ser instrumento (médium) dos espíritos dos mortos. Entre os espíritas, é um dos médiuns mais considerados. Mas na realidade frequentemente se observou que Willy acompanhava as telecinesias com movimentos do seu corpo. Por exemplo esticava-se e dirigia o ombro em direção da vitrola ou da lâmpada que mexia à distância.
Em psicologia é muito significativo este sincronismo vontade-gesto. Tais gestos provam evidentemente que as telecinesias correspondiam à vontade inconsciente de Willy, que estava em estado de inconsciência”. (QUEVEDO)
Pe. Quevedo observa que esses fenômenos são de Efeitos Físicos ou Parafísicos, como a Telecinesia. E as manifestações normalmente se dão pelo inconsciente.
IIª Parte
1.2. “Eusápia, à distância, acendeu e apagou a luz, sem mexer no interruptor. Cesare Lombroso, que era um dos pesquisadores, ressalta: “O acender e o apagar da lâmpada correspondiam a pequeno movimento que o dedo indicador de Eusápia fazia na palma de minha mão. Quase sempre havíamos detectado essa sintonia entre os fenômenos e os gestos da médium”.
Posteriormente Robert Tocquet será mais encomiástico:
‘Eusápia lançava o punho em direção da mesa de experiência detendo-se, porém, a alguma distância da superfície. Ouvia-se então um barulho (tiptologia) como se o punho tivesse realmente alcançado a mesa. Igualmente efetuava com a mão fechada um movimento de rotação, de torção, a alguma distância de um baú, e podia-se ver como a chave do baú dava voltas sozinha na fechadura. Enfim, sempre que ela realizava uma telecinesia, seus músculos se contraíam como se estivesse agindo realmente’.
Em uma oportunidade, na Universidade de Nápoles, um vaso, que estava a uns metros de Eusápia, foi chocar-se violentamente contra o chão, ao mesmo tempo em que Eusápia aplicava “um formidável pontapé” num dos assistentes.
Os fatos mostram que a vontade atuante era da própria Eusápia, não dos espíritos dos mortos. O sincronismo é tão típico que mesmo nos casos espontâneos, ao menos quando está presente algum especialista, não deixa de ser constatado.
A respeito das telecinesias das irmãs Alida e Santina de Matteo, os parapsicólogos italianos consignaram:
‘Detalhe interessante: também neste caso os fenômenos se intensificavam quando as duas meninas (…) (dormindo) se agitavam na cama: os projéteis improvisados esguichavam então daqui e de lá com violência, como se espelhassem a movimentada sequência daquela misteriosa segunda vida que elas levavam no sonho’”. (QUEVEDO)
No exemplo de Eusápia vê-se o sincronismo dos movimentos dos músculos e o desenvolvimento de telecinesia e tiptologia.
Sobre o sincronismo são dados outros exemplos, que como disse para não alongar o texto não vou apresenta-los. Quem sabe numa outra oportunidade. Fala também de sincronismo nos casos dos fenômenos de ectoplasmias e fantasmas. O exemplo apresentado nesse caso é de Srta. Golhiguer. Depois faz observação a postura da Srta. Golhiguer mostrando também outro fenômeno desenvolvido por ela a ideoplasmia:
“‘Parte de mim’. Prolongação de si mesmo
No livro Aparições. A ciência purifica a fé, analiso a chamada ‘bilocação’, ‘experiência fora do corpo’, ‘desdobramento’ etc. Uma pessoa pode plasmar a ideia que tem de si mesma. O ‘duplo’. E isto claramente exclui os espíritos dos mortos”. (QUEVEDO)
Ele analise também o caso katie King e a médium D’Esperance. Fala das experiencias de William Crookes, os casos observados por Fergusson. Pe. Quevedo observa que
“‘Espírito Guia’ é o inconsciente
Ochorowicz não via o ‘duplo’ da médium Stanislawa Tomczyk.
Mas era o ‘duplo’ da própria médium quem explicava como se tinham realizado as experiências – durante vários anos – de escotografia.
O ‘duplo’ dizia que fora ele mesmo que realizava os fenômenos”.
O ‘duplo’ afirmava não só que se servia da matéria (ectoplasma) procedente da médium, mas também que era ele, o ‘duplo’, quem dirigia as escotografias e que nestas fotografava seu próprio pensamento. Por exemplo a respeito de um dedal para aparecer na radiografia da mão da médium”. (QUEVEDO)
Nesta parte do sincronismo mostra ainda uma Análise por um poeta. Muito interessante, porém longa.
IIIª Parte
2. Vontade
O desenvolvimento dos fenômenos paranormais além de entendermos o sincronismo, eles são consequências da vontade de quem os produz normalmente de maneira inconsciente.
A separação que fazemos aqui é mais para efeito didático. Sendo que o Sincronismo está ligado diretamente à vontade. Por isso, Willy Schneider “esticava-se e dirigia o ombro em direção da vitrola ou da lâmpada que mexia à distância”. Onde sincronismo e vontade estão acontecendo simultaneamente.
“Mesmo em casos de divisão da personalidade, quando a vontade inconsciente – ‘secundus’ – dirige os fenômenos, por exemplo de fantasmogênese, é manifesta a unidade desta vontade com a vontade consciente ou oficial – ‘primus’ – da própria médium, do vivo.
Assim, o fantasma de Yolanda feito às expensas do ectoplasma da famosa médium D’Esperance, parecia uma personalidade autônoma, mas ‘secundus’ ou Yolanda na realidade dependia e formava uma unidade com D’Esperance – ‘primus’:
‘Quando Yolanda saía do gabinete, eu a forçava, pela influência de minha vontade’, constatava D’Esperance.
Após excelente e exaustivo estudo crítico de toda a fenomenologia apresentada pela maior médium de efeitos físicos, Eusápia Palladino, concluía Enrico Morselli:
‘A médium não produz os fenômenos em tais condições psíquicas por ter-se obscurecido sua consciência superior (sendo substituída pela dos espíritos dos mortos), senão que os fenômenos veem já pensados em linhas gerais, e por isso mesmo representados e queridos; e quando a médium tem formado seu plano, esforça-se então por entrar no estado psíquico anormal que lhe possibilita manifestar melhor sua energia exteriorizável para agir como age’.
Exatamente descrita a vontade do vivo, não dos mortos, como direto da telergia”. (QUEVEDO)
Pe. Quevedo faz uma análise interessante de casas mal-assombrada. A vontade de uma mulher, em desarmonia em termos psíquicos por inveja, que era Cenilda, desencadeou esses fenômenos. Depois, foi um caso orientado pelo Pe. Quevedo.
Outro exemplo:
“‘Bem que Fulvinho merecia uma palmada no bumbum’. Quando a empregada foi revirar o colchão, deu um grito apavorada. Acudiu Florinda. O colchão estava manchado de óleo; houve fogo, no centro, onde deveria estar a mancha provocada pela enurese de Fulvinho. E a pirogênese deixara perfeitamente marcada a palma da mão. Exatamente a forma e as medidas da mão de Florinda. Ela pôs a mão na marca. Conservamos o colchão no museu do CLAP. Não manifestou medo nenhum, contrastando com o pânico da empregada”. (QUEVEDO)
IVª Parte
3. Características
Sem delongas, sobre as características no que diz respeito a apresentação desenvolvimento dos fenômenos são bem compreensíveis.
O fenômeno é realizado pela energia física (telergia) dos vivos. Quem dirige essa energia é o inconsciente humano, ou seja, mente humana
“Aliás, como acontece em certas circunstâncias, o sistema ‘alavanca’ e o aproveitamento máximo das forças musculares e nervosas de Florrie explicariam os fatos.
Também bastaria o efeito poli psíquico, pequena colaboração da telergia dos circunstantes”. (QUEVEDO)
4. Ambiente
“Há algum fenômeno parapsicológico de efeito físico que seja exclusivo do ambiente espírita? Nenhum. Todos os historiadores de fenomenologia concluíram que todos os fenômenos são de todas as épocas, de todos os povos e de todos os ambientes. Portanto, humanos. Onde há homens há toda essa fenomenologia. E, logicamente, as interpretações são muito diferentes, de acordo com as diversas civilizações.
Concretamente dentro da hagiografia católica – sem contar os milagres -, os fenômenos parapsicológicos, humanos, de todo tipo, são muito mais frequentes e muito mais importantes do que nos mais destacados médiuns… E melhor comprovados. O grande historiador do grupo dos ‘bolandistas’ e magnífico parapsicológico da SPR, (Sociedade de Pesquisas Psíquicas, de Londres), Pe. Herbert Thurston, S.J. fazia constar:
‘No estado místico ocorrem realmente fatos irreconciliáveis com as leis comumente conhecidas na natureza (isto é, fenômenos parapsicológicos) (…) e de tais fenômenos existem melhores provas, publicadas nos nossos documentos hagiográficos, do que todas as que até hoje apresentaram os espíritas’”. (QUEVEDO)
Pe. Quevedo alerta muito sobre Fraudes e Truques. Aqui sua postura crítica não agrada, parecendo implicância religiosa, veja:
“Muitos pesquisadores, como o Pe. Heredia, Amadou, Carrington etc., calculam que 98% – ou mais – dos fenômenos parafísicos em sessões de espiritismo são fraudes. Podem ser fraudes inconscientemente arquitetadas e inconscientemente realizadas, como também fraudes conscientes, mas irresponsavelmente realizadas por obsessão compulsiva. Também o CLAP insiste na frequência, mesmo na necessidade das fraudes, e na admirável habilidade em executá-las. Paradoxalmente podemos dizer que ‘não há por que desconfiar do médium pego em truque, é necessário desconfiar de quem nunca é pego trucando’. Quem truca quando está em transe mostra que realmente está em mãos do inconsciente, e necessariamente recorrerá ao truque quando o fenômeno, que é essencialmente espontâneo, não surgir. Especialmente nas sessões de espiritismo, onde há expectativa geral do fenômeno. O médium que nunca é pego em truque, truca sempre, é um hábil mágico…” (QUEVEDO)
Vª Parte
Conclusão
Como disse na introdução o tema: “Análise dos Fenômenos Parafísicos”, nos coloca diante dos Fenômenos de Efeitos Físicos. Ficando claro no desenvolvimento do texto de Pe. Quevedo que á um sincronismo de gestos, movimentação inconsciente de quem desencadeia os fenômenos parapsicológicos. Os observadores percebem isso. Numa telecinesia onde a telergia guia alguma coisa, objeto a distância vê-se a movimentação corporal do paranormal em direção ao fenômeno desencadeado. O pesquisador Cesare Lombroso, fez a constatação citada por Pe. Quevedo: “O acender e o apagar da lâmpada correspondiam a pequeno movimento que o dedo indicador de Eusápia fazia na palma de minha mão”.
São dados outros exemplos do sincronismo: “punho em direção da mesa de experiência detendo-se, porém, a alguma distância da superfície”. “Efetuava com a mão fechada um movimento de rotação, de torção, a alguma distância de um baú”. Como você poderá verificar no número 1.2.
Outros três componentes aparecem também que é a vontade inconsciente na maioria das vezes do paranormal. Algumas atitudes, também as características se manifestam. E por último vemos que não é só no espiritismo que esses fenômenos desencadeiam. Eles desencadeiam em qualquer ambiente, especialmente religioso, em qualquer época e lugar. É claro que existem os fenômenos Supranormais (sobrenaturais), só que muitos místicos católicos, santos eram paranormais. Em certas práticas católicas hoje é propício para o desenvolvimento de fenômenos paranormais e também nas igrejas evangélicas e pentecostais e neopentecostais.
Os fenômenos por mais interessante e maravilhosos que apresentam, com raríssimas exceções, temos os Supranormais e excetuando os Supranormais, na sua maioria os demais fenômenos são paranormais com uma explicação natural do mesmo.
Numa outra oportunidade possivelmente volte a esse tema. Espero que o internauta tenha gostado e aprendido um pouco mais sobre o assunto.
Referência
QUEVEDO, Pe. Oscar, S. J. Análise dos Fenômenos Parafísicos
Pe. Emanuel Cordeiro Costa
Parapsicólogo Clinico
ABPSIG – Registro 409